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Fátima pede “mais investimento” nos 25 anos de cidade (reportagem)

Fátima pede “mais investimento” nos 25 anos de cidade (reportagem)
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É a única cidade da região onde a população continua a crescer e um pólo de atração para 6 milhões de visitantes por ano, mas em Fátima “falta muita coisa”, lembrou o presidente da Junta no discurso que marcou os 25º aniversário da elevação a cidade, defendendo a urgência de haver um plano estratégico de desenvolvimento que envolva o município, o governo, o santuário, os cidadãos, as associações e as empresas.

Os discursos da sessão solene comemorativa os 25 anos de elevação de Fátima à categoria de Cidade foram marcados não só por uma visão retrospetiva da evolução da urbe mas sobretudo pelos desafios que a cidade-santuário enfrenta. A necessidade de mais investimentos foi a tónica dominante.

Perante dezenas de convidados, o dia festivo, 12 de julho, começou com o içar de bandeiras na sede da Junta de Freguesia. Dali seguiram para o Salão Paroquial onde, após os discursos, foi feita a apresentação do hino de Fátima e o lançamento da Revista dos Estudos Regionais de Fátima AL-Khatima.

Da parte da tarde autarcas e representantes de diversas entidades procederam à inauguração da Avenida Nossa Senhora de Fátima, uma das principais entradas da cidade, terminando com a plantação de 25 árvores no átrio da futura Biblioteca Pública de Fátima, em homenagem a outras tantas figuras que marcaram a história de Fátima.

No seu discurso, o Presidente da Junta de Freguesia começou por falar da “missão nobre” e da “atividade desafiadora, enriquecedora e única” que é ser autarca, manifestando “total orgulho pelo trabalho” desenvolvido ao longo destes últimos 25 anos.

Depois de fazer um historial sucinto da história de Fátima, desde as Aparições até aos nossos dias, Humberto Silva referiu os nomes de autarcas e deputados que há 25 anos e em diferentes momentos se bateram pela elevação de Fátima a cidade em 1997, agradecendo o seu empenho nessa causa.

“O crescimento que temos assistido em Fátima traz grandes desafios à gestão da cidade, em áreas como a educação, habitação, alimentação, saneamento e mobilidade, gestão dos impactos ambientais, sociais e económicos, acrescido pelo facto de ser necessário ter capacidade de resposta às necessidades do elevado número de pessoas que nos visitam anualmente”, afirmou o autarca.

“Em Fátima falta muita coisa”

Na sua opinião “é necessário pensar as estratégias de gestão da cidade, dos seus recursos naturais, sociais e económicos para a proteção do meio ambiente. É importante promover uma cidade sustentável, com a promoção de uma economia verde, melhorando a eficiência no uso da energia, da água e nos sistemas de resíduos, como resposta aos desafios do seu crescimento”. Para alcançar estes objetivos “é preciso uma ação concertada entre todos os que habitam a cidade, envolvendo o município, o governo central, o santuário, os cidadãos, as associações, o tecido empresarial”, defendeu.

Quanto ao futuro, Humberto Silva defendeu para a sua Freguesia a “aquisição de novas e mais relevantes competências e até, idealmente, com uma maior autonomia administrativa”. O Presidente da Junta falou da necessidade de criação de um centro cívico, “elemento que ainda não está estabelecido na cidade”.

“Mas Fátima precisa de muito mais. Em Fátima falta muita coisa”, afirmou o autarca, desafiando o poder central “a olhar para Fátima pela sua envolvente com outra atitude, com outra visão e fazer mais pela cidade” e pela região. A este propósito deixou algumas perguntas: “Não é Fátima um dos maiores Santuários Marianos do Mundo? Não é Fátima que recebe anualmente milhões de peregrinos e turistas? Não será este Santuário Mariano a ter recebido por 6 vezes a visita de 4 Papas diferentes? Não são milhares aqueles que depois de comprida a sua Fé se mantêm no nosso país, contribuindo para o crescimento da nossa atividade turística?”

Câmara diz que em quatro anos investiu 10 milhões em Fátima

O Presidente da Câmara de Ourém começou por considerar ser “de elementar justiça repetir e reconhecer a dimensão que a Cidade de Fátima atingiu no decorrer destes 25 anos”. “Além de ser uma Cidade em franca expansão, Fátima é também a sede de uma das freguesias que mais têm contribuído para o desenvolvimento social do nosso território, através da participação ativa de uma comunidade muito empenhada e de uma teia empresarial forte e proativa”, realçou, reforçando a ideia de Fátima como “o Altar do Mundo, a Cidade da Paz”. “É um local de culto para milhões de peregrinos de todo o Mundo, mas a sua importância e a dimensão do seu contributo não se esgotam na sua forte e determinante componente religiosa”, ressalvou.

Luís Albuquerque fez referência, entre outros aspetos, à revisão do Plano de Urbanização de Fátima, aprovada já este ano pela Câmara Municipal, “um instrumento verdadeiramente decisivo, no âmbito do planeamento territorial e do desenvolvimento cultural, económico e social da nossa região”.

Quanto a investimos municipais em Fátima, o autarca referiu que “nos últimos quatro anos foi possível investir em Fátima, em projetos municipais, ou apoiando iniciativas das diversas instituições e associações, cerca de 10 milhões de euros”.

Anunciou ainda que a autarquia “tem em curso diversos procedimentos concursais, bem como em elaboração diversos projetos, que totalizam aproximadamente 15 milhões de euros, que irão avançar à medida que houver disponibilidade financeira”.

A este propósito lamentou que até ao momento não haja qualquer resposta por parte do governo ao pedido de apoio feito pelo Município, tendo em conta a previsível visita do Papa Francisco a Fátima em 2023, enquadrado nas Jornadas Mundiais da Juventude.

Na mesma linha, o Presidente da Assembleia Municipal manifestou a sua preocupação sobre o assunto e aproveitou para criticar a inércia do governo quanto às Jornadas Mundiais da Juventude, com a perspetiva da visita de milhão e meio de jovens a Portugal e a Fátima em 2023.

João Moura voltou a defender Tancos como alternativa viável e mais acertada ao aeroporto da Portela. Falou de Fátima como marca e da sua capacidade de atração, destacando o número recorde de IPSS – Instituições Particulares de Solidariedade Social e o ensino de excelência que existe na cidade. A este propósito criticou a política do Governo quanto aos cortes nos apoios ao ensino particular e cooperativo.

Reconhecendo a importância que Fátima tem no país e no mundo, defendeu outra dimensão territorial para Fátima numa altura em que o movimento de criação do concelho vai somando apoios.

Memória, sentimento e futuro

Interveio ainda o Presidente da Assembleia de Freguesia de Fátima, que desenvolveu o seu discurso com base em três palavras-chave: memória, por todos aqueles que lutaram por Fátima ao longo da sua história, sentimento, de pertença à comunidade e futuro, porque importa refletir sobre que cidade quer a população daqui a 25 anos.

José Manuel Poças das Neves reconheceu que “há um grande trabalho a fazer”. “Mais do que comemorar uma data, temos de discutir a nossa cidade, os seus pontos fortes e fracos e como a queremos deixar às próximas gerações”, preconizou.

Chamou a atenção para o facto de, apesar do aumento populacional de Fátima, a cidade tem sofrido “uma sangria de quadros de valor”. Por isso, importa “começar a tentar preparar o futuro da cidade, juntar conhecimentos e experiências diversas que ajudem a refletir e a preparar o futuro”. Com esse objetivo têm decorrido e estão previstos mais três debates até ao fim do ano sobre a temática “50 anos cidade de Fátima, que futuro?

O autarca defendeu que Fátima deve ter “a coragem política e empresarial de conseguir se posicionar como o centro na visita a esta vasta área do País”. Neste ponto chamou a atenção de que “uma cidade, à medida que aumenta a sua população, tem de fazer investimentos proporcionalmente muito mais elevados para se adaptar às novas exigências que esses habitantes põem e têm vindo a desencadear. Que garantam condições de vida e de qualidade de vida compatíveis com esse aumento de população”.

Após os discursos, foi estreado o hino do 25º aniversário de Fátima Cidade, com autoria e composição de Jorge Gonçalves e interpretação de “Vozes de Fátima” e foi apresentada a Revista dos Estudos Regionais de Fátima AL-Khatima.

Da parte da tarde, a comitiva dirigiu-se para a Avenida Nossa Senhora de Fátima, principal entrada da cidade que foi inaugurada agora requalificada.

Seguiu-se a plantação de 25 árvores no átrio da futura Biblioteca Pública de Fátima, como forma de homenagear 25 personalidades falecidas que marcaram a história da cidade, como o cónego Manuel Nunes Formigão, “grande divulgador da mensagem de Fátima”.

Uma das árvores é dedicada ao povo anónimo de Fátima, bem como aos imigrantes que vieram para Fátima e que contribuíram para o engrandecimento da freguesia nos últimos 25 anos.

População não pára de aumentar

Com uma área de 71,29 km², a Freguesia de Fátima é das poucas da região do Médio Tejo que registou um significativo aumento da população, de acordo com o último recenseamento da população. Se em 2011 estavam registados 11.596 habitantes, esse número aumentou para 13.212 dez anos depois. Na cidade a população estimada é de 10 mil habitantes.

Os dados do Instituto Nacional de Estatística revelam que em 2021 foram registados na freguesia 108 bebés, menos um do que no ano anterior.

Mais impressionante é o número de visitantes anuais à cidade-santuário. Segundo dados da Organização Mundial do Turismo, antes da pandemia, por ali passavam anualmente cerca de seis milhões de visitantes, número que, a pouco e pouco, vai sendo recuperado.

Como lembrou o Presidente da Junta, há momentos marcantes na história de Fátima, desde o relato das Aparições de Nossa Senhora aos três pastorinhos, em 1917. Seguiu-se a autorização do culto a Nossa Senhora de Fátima, dando as Aparições como “dignas de crédito” em 1930. A construção da basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima em 1953 e da basílica da Santíssima Trindade em 2007 foram obras emblemáticas. Registo para as visitas dos Papas (Paulo VI em 13 maio 1967, João Paulo II em 13 de maio de 1982, em 13 de maio de 1991 e em 13 de maio de 2000, Bento XVI a 13 de maio de 2010, e o Papa Francisco em 13 de maio de 2017).

Em 1917 este território era composto por pequenos lugares pouco desenvolvidos. A Cova da Iria era um lugar ermo, mas após as Aparições foi-se desenvolvendo e em 19 de agosto de 1977 este núcleo é elevado à categoria de vila. O estatuto de cidade foi consagrado em Diário da República a 12 de julho de 1977.

 

FONTE: MédioTejo.net